Aulas para os dois grupos acontecem nas terças-feiras, de manhã e à tarde, na Casa de Atividades do Instituto Maria da Graça
"O curso de balé começou porque a gente viu que tinha muita criança ficando na rua", conta Anita da Silva, presidente do Instituto Maria da Graça. Como atividade de contraturno escolar, explica Anita, foram criadas duas turmas, uma de manhã e uma à tarde, para dar oportunidade para todas as crianças.
Para ela, depois de dois meses de aulas, já dá para dizer que foi uma decisão acertada, tanto para as crianças, que se interessaram muito, como também para as mães e para o próprio Instituto: "Maravilhoso isso, nós temos certeza que vai dar frutos futuramente".
É o que pensa também a senhora Maria Goreti de Souza, que faz questão de vir direto do trabalho para pegar a neta Larissa e trazer para as aulas. "Ela adora! No dia que não tem aula, ela fica reclamando. Em casa, ela conta tudo para a mãe e o pai, o que fez, o que dançou, bota música e fica dançando para mostrar como é", diz Goreti.
Com quase seis anos de idade, Larissa da Silva Souza tem se desenvolvido em todos os sentidos, não só no aprendizado da dança, como percebe a avó: "Ela está com mais energia e também mais calma, está gostando de ficar bastante em casa desenhando, ela desenha a Duda [professora de balé], desenha as amiguinhas, desenha a casa onde faz o balé para depois mostrar para a mãe".
"Paixão pela dança"
A bailarina e professora de dança Maria Eduarda Caetano Barbosa, a Duda, é quem trabalha com as mais de 30 crianças e adolescentes que frequentam as duas turmas de balé. Um trabalho muito gratificante, pois gosta de dançar, de ensinar a dança e também de atuar como voluntária:
"Eu sempre gostei de dançar, dançar é minha grande paixão, e eu acho que é uma paixão tão grande que eu gosto muito de passar para as pessoas o que eu sei, o que eu aprendi. E eu sempre gostei também dessas coisas de voluntariado, fazer coisas para as crianças que não tiveram a mesma oportunidade que eu", destaca Duda.
Além do balé, que começou a fazer quando tinha três anos de idade [agora ela tem 19], Duda também se dedica a outras modalidades de dança: "sou uma dançarina, na verdade eu gosto de dançar tudo, tudo tudo e mais um pouco", revela com um sorriso. Fazendo parte da escola da Adriana Solazzo, localizada no Ipiranga, ela conta que participa de festivais, mostras de dança, competições. "Neste momento, a nossa companhia de dança está se preparando para o Festival de Joinville, que vai acontecer em julho".
De acordo com a professora, nos cursos de dança não se aprende apenas a dançar, "é muito mais que isso". Expressividade e interação com as/os colegas e com o público, percepção visual e do corpo, cuidado com a saúde e autoconhecimento são alguns dos aspectos que a arte da dança possibilita desenvolver nas crianças e adolescentes.
"Eu acho que todo mundo deveria dançar pelo menos um pouco, e não só as meninas, os meninos também, porque a dança foi feita não só para as mulheres", diz Duda sobre as turmas terem somente meninas. Ela explica que é um preconceito achar que "balé é coisa para menininha" e futebol é para os meninos: "não, os dois são para qualquer pessoa que se interessar, que se dedicar, que gostar".
Quanto a ter crianças e adolescentes de tamanhos e idades diferentes nas mesmas turmas, Duda diz que não tem problema. Mesmo que a recomendação seja separar por idade, o fato de estarem começando no aprendizado da dança coloca todas "no mesmo ritmo", avalia Duda, lembrando que elas se ajudam durante as aulas. "É assim que funciona nas turmas, umas ajudando as outras".
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