Em reunião neste sábado, 20/08, mulheres resolveram "tomar pé e correr atrás", com apoio do Instituto Maria da Graça
"Todo mundo fala que tem uma necessidade muito grande de ter uma creche aqui no nosso lugar. Só que nós vimos até hoje que, se a gente não tomar pé e correr atrás, não vamos ter", disse Anita da Silva na abertura da reunião na tarde deste sábado, 20/08.
Anita, que é presidente do Instituto Maria da Graça, lembrou a todos que a Ong (organização não-governamental) foi criada com o objetivo de dar apoio às lutas dos moradores dos bairros e comunidades por melhores condições de vida.
"Nós vamos ficar esperando mais? Até quando? Independente de cada uma de nós ter ou não ter crianças em idade de creche, temos que correr atrás, porque tem centenas de crianças precisando aqui na região. Então, o que vocês acham que a gente faz?", perguntou Anita.
Na reunião, composta principalmente por mulheres, mães e avós passaram a responder a pergunta com comentários e várias propostas foram surgindo. Fazer um documento, dirigido à Prefeitura e Câmara Municipal foi a primeira delas. Um documento assinado por todas e todos, ou seja, um abaixo-assinado, foi a proposta final aprovada.
Em seguida, todas concordaram que devem ser feitas várias folhas do abaixo-assinado para que cada pessoa possa colher assinaturas no local onde mora. E, por fim, aprovou-se que "quanto mais gente melhor" na hora de fazer a entrega do documento para as autoridades.
"É anotar todo mundo, que seja 100% das famílias e levar esse abaixo-assinado lá na Prefeitura e na Câmara Municipal. E todos têm que ir gente, vamos fazer uma carreata, quem puder ir, vai, para todo mundo brigar pelos seus direitos", defendeu Maria Alves da Silva.
Creche longe e só meio período
Para Maria, além de não ter vagas para todas as crianças, as creches existentes na região ficam longe do Jardim Joquei Clube e das comunidades vizinhas: "Nós precisamos de uma aqui no nosso bairro, para suprir a necessidade daqui. Ó quantas mães têm que pegar seus filhos e levar na creche do Aeroporto, ou do Ouro Branco!".
Este é o caso da filha de Maria Goreti de Souza, que mora na Comunidade do Pardal e tem uma netinha de cinco anos. "Minha filha trabalha à noite, 12 horas direto, entra às seis da tarde e sai às seis da manhã. Ela chega esgotada, tem dia que não aguenta levar ela [a criança] até o Aeroporto. E tem que 11 e meia mais ou menos ir buscar", conta Maria Goreti.
A avó explica que são dois problemas: o fato de a creche ser longe e as mães terem de pegar ônibus, pagando as passagens para levar e para buscar as crianças, e o fato de a creche do Aeroporto ser somente de meio período.
"Minha filha tentou colocar na do Jardim Ouro Branco, mas não conseguiu vaga. A do Ouro Branco tem período integral", destaca Maria Goreti. Mas, diz ela, pior é a situação de muitas outras mães que não conseguiram vaga nem nessa de meio período:
"Tem que estar pagando para olhar, porque não tem com quem deixar. Como uma amiga minha aqui, ela paga uma pessoa para deixar o menino porque ela não achou vaga. Paga 200. O pagamento depende, se a pessoa precisa que fique o dia todo, ou meio dia".
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A falta de creche na região do Jardim Jóquei Clube já havia sido discutida pela diretoria do Instituto, em reunião com lideranças das comunidades, no dia 05/08
Na reunião deste sábado, dia 20/08, mães e avós eram maioria dos participantes
A senhora Maria Goreti (de óculos, à esquerda), falou da necessidade de creche mais próxima para sua netinha
Uma das propostas apresentadas foi que as mães coloquem, no abaixo-assinado, o número de crianças que precisam de creche
"Em vez de ficar só reclamando, tem que correr atrás", disse Maria Alves (de blusa azul e vermelha)
Clique para saber mais:
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - ver Art. 54, inciso IV, que estabelece como dever do Estado assegurar “atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade”.
Lista dos Centros de Educação Infantil (CEIs) de Ribeirão Preto
Lista das Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs) de Ribeirão Preto