Feirão de empregos orientou busca por trabalho e encaminhou 160 pessoas para vagas neste domingo, 1º de Maio.
A primeira edição do Emprega Favela em Ribeirão Preto aconteceu neste domingo, dia Primeiro de Maio, das 9h às 16h, na sede do Instituto Maria da Graça. O evento foi promovido pela Central Única de Favelas (Cufa), com apoio e participação de vários parceiros (veja abaixo).
Além de sediar o Emprega Favela, o Instituto Maria da Graça fez a divulgação em todas as comunidades da região, na semana anterior, convidando os moradores e moradoras das comunidades a comparecerem no domingo.
Ficou também por conta do Instituto providenciar toda a infraestrutura para o evento, como as mesas e cadeiras para o atendimento e o almoço para os voluntários/as. O cardápio veio com frango, macarronada, arroz e salada, tudo feito pela Sandra e Maria Inês, na cozinha da Anita, presidente do Instituto.
Inicialmente o evento estava marcado para o terreno do Instituto (Rua Serra Negra, 385), onde foi montada uma tenda para o atendimento do público. Mas, com o tempo nublado e possibilidade de chuva durante o dia, os organizadores/as acharam melhor mudar para a sede provisória do Instituto (Salão da Anita).
Primeiro na cidade
Rafael de Paula, coordenador da Cufa, explica que este foi o primeiro Emprega Favela realizado em Ribeirão Preto, mas a ideia é levar o "Feirão de Empregos" para várias regiões da cidade, beneficiando pessoas de todas as comunidades.
"Um dos pilares é o preconceito de CEP, pois a pessoa que mora em comunidade passa em algumas seleções, mas na hora que veem onde ela mora, este é um motivo para desqualificar. A gente chama isso de preconceito de CEP", destaca Rafael.
Foi diante disso, segundo ele, que a Cufa criou o Emprega Favela, em parceria com a empresa Support. Junto com a Cufa, esta empresa de recursos humanos vai nas comunidades fazer o Feirão de Empregos, "para receber os currículos lá onde as pessoas moram".
A realização da primeira edição do Emprega Favela no Jardim Jóquei Clube buscou atender uma região com muitas comunidades: "porque aqui tem aqui a Locomotiva, tem a do Morro, são várias comunidades que têm em volta, então para agregar o maior número de pessoas, a gente escolheu fazer aqui", conta o coordenador da Cufa.
Recentemente, na região do Simioni, a Cufa tinha realizado outra ação na área da empregabilidade, o Educa Trampo. De acordo com Rafael, este é um projeto que tem como objetivo abrir espaço para estágio, mas somente para jovens que estudam o Ensino Médio em escolas públicas.
Parceiros
Para viabilizar o Emprega Favela, a Cufa conta com a parceria da empresa Support (recursos humanos), D.Alcance e Educae (instituições de ensino), TV Thati e Alô Social (operadora de telefonia criada pela Cufa em parceria com a Tim).
Simone Caldeiraro, da empresa Support, disse que trouxe neste dai 1º de maio 15 vagas para preenchimento imediato, mas há 156 vagas abertas na empresa. Assim, mesmo que a pessoa não se encaixa em uma destas 15, o currículo dela é levado para a empresa, porque às vezes a que a pessoa pode estar adequada para outra vaga.
"Cada vaga tem o seu perfil, tem critérios, tem clientes que pedem experiência, tem clientes que não. Às vezes é recepcionista, mas é da área hospitalar, aí normalmente eles pedem experiência porque tem de fazer cadastro de plano de saúde, essas coisas", esclarece Simone.
Neste domingo, quem trouxe o currículo já foi direto para a fila da entrevista. Quem não trouxe, fez na hora, com a ajuda de voluntários/as da Cufa. Nos casos em que o currículo não estava "bem construído", a pessoa recebeu uma orientação sobre como tem que fazer, pois o currículo é apresentação, a "vitrine" do candidato ou candidata à vaga, como explicou a recrutadora:
"Depois da entrevista aqui, a gente já separa o currículo, conforme a vaga do perfil. Daí lá na empresa, durante a semana, a gente vai fazer uma outra triagem. O que estiver dentro do perfil da vaga, a gente entra em contato. Se não estiver, a gente guarda o currículo, porque conforme for chegando vaga no perfil, já temos candidatos".
Acolhimento
Para Aline Maia, da Coordenação da Cufa, a realização do "Feirão de empregos" em locais das próprias comunidades é fundamental para as pessoas conseguirem ter mais segurança para se candidatarem às vagas.
"Eu sinto que eles estão confortáveis por estarem no ambiente deles, então é um passo a mais, uma oportunidade a mais até para as pessoas se desenvolverem para a vaga de trabalho", avalia.
O fato de encontrar "gente conhecida, gente que é do bairro, deixa as pessoas mais à vontade", diz Aline, lembrando que "têm vários outros lugares em que às vezes eles não se veem lá".
Outra forma de acolhimento e orientação, segundo Rafael de Paula, é o atendimento feito pelas redes sociais da Cufa: "nas redes sociais, a gente já faz um pré atendimento com essas pessoas, a gente já conversa, já dá uma atenção".
Para quem não pode vir neste domingo, Rafael avisa que, junto com a empresa Suporte, será deixada uma "caixa de currículos" nas comunidades. "A gente sai daqui, mas o Emprega Favela vai continuar aqui, porque vai ter a caixa que a pessoa passa e deixa o currículo, e aí a gente passa e leva para a Suporte".
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