Os recursos financeiros são necessários principalmente para as ações de "solidariedade ativa" dentro dos projetos, diz Bruna Silva
Mesmo sem verba pública nem doadores fixos, a Rede Emancipa vem realizando projetos educativos e ações de solidariedade em diferentes locais da cidade, entre os quais o Jardim Jóquei Clube (em parceria com o Instituto Maria da Graça), a Vila Tibério e o Jardim Paiva.
Durante o bazar de roupas e outros objetos usados que o coletivo montou na festa julina do último sábado, 29/07, a coordenadora da Rede Emancipa de Ribeirão Preto, Bruna Silva, explicou que a iniciativa visa contribuir para a sustentação das ações e projetos:
"A gente está tentando arrecadar o mínimo que for para poder auxiliar no desenvolvimento dos nossos trabalhos, porque não temos nenhum doador fixo, então a gente se doa e vamos fazendo o trabalho com um pouquinho de cada um: educadores, colaboradores e simpatizantes do movimento".
Além das duas turmas de cursinho preparatório para o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), um na Vila Tibério e outro no Jardim Jóquei Clube, o Emancipa tem agora também uma atuação com os indígenas venezuelanos Warao que estão aqui no município. "A gente trabalha com eles o português como língua de acolhimento e também com atividades lúdicas com as crianças", contou Bruna.
Outro trabalho da Rede Emancipa RP é a parceria com a Casa Apoio do Projeto Mudando Vidas, no Jardim Paiva. A Casa Apoio acolhe mulheres em alguma situação de vulnerabilidade: "Lá a gente trabalha com Arteterapia, letramento, oficinas de leitura, de desenho, e também falamos sobre os direitos que essas mulheres têm como cidadãs".
Solidariedade ativa
Junto com os projetos de educação popular, o Emancipa realiza ações de "solidariedade ativa", como destaca Bruna: "se uma família de algum estudante nosso, ou até mesmo da comunidade onde estamos, estiver passando alguma necessidade, a gente faz um esforço coletivo para arrecadação e distribuição."
De acordo com ela, também é preciso sempre comprar o café da manhã ou lanche para os grupos de estudantes dos cursos. Isso porque faz parte da dinâmica de trabalho, pois segundo Bruna: “Ninguém aprende de “barriga vazia”. E além disso, o acolhimento é essencial.
"E, às vezes, nossos alunos e nossos educadores não podem ir até o local de aula porque não têm dinheiro, aí a gente dá uma ajuda de custo", afirma a coordenadora.
Boa avaliação
Sobre a turma do Jóquei Clube que está fazendo o cursinho preparatório da Rede Emancipa para o Encceja, Bruna diz que os estudantes são "superinteressados" e estão indo muito bem, cada um dentro das suas necessidades e do seu ritmo.
"A gente percebe que há necessidades diferentes, então trabalhamos individualmente com cada um. Por exemplo, se a gente nota que alguém está com dificuldade de acompanhar a aula, colocamos um outro educador ali do seu lado para ajudar", explica Bruna.
Ela revela que, agora, o Emancipa "está se planejando para montar uma turma de alfabetização de adultos". A proposta surgiu devido às dificuldades apresentadas por alguns estudantes tanto na leitura como na escrita. Assim, com um grupo só de alfabetização, vai ser possível "atender de uma forma mais efetiva esta realidade".
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