"Quero ir lá de novo, umas cinquenta vezes!", disse Ana Flávia Conceição Silva, que tem 9 anos e frequenta aulas de balé no Instituto Maria da Graça

Na manhã do último sábado, 05/08, cinco alunas do Instituto Maria da Graça foram conhecer a escola de dança onde a professora Duda faz balé desde os seis anos de idade. Lá, fizeram uma aula de balé clássico, jazz e sapateado junto com uma turma de meninas da mesma idade (8 e 9 anos).
Ana Flávia e sua colega Eloisa Molina Silva dizem que gostaram muito da aula e que não tiveram dificuldades, porque já tinham aprendido os passos de balé com a sua professora Duda (Maria Eduarda Caetano Barbosa).
"Gostei demais de vocês lá na aula, vocês foram muito bem, muito bem mesmo", disse Duda para as alunas após a visita. Para ela, a avaliação é bastante positiva, porque suas alunas passaram até agora por menos aulas que a turma da escola de dança (lá elas têm duas aulas por semana e com maior tempo de duração).
As duas meninas fazem parte do grupo de cinco que foram selecionadas pela professora porque são as alunas mais dedicadas. Na visita, além de Duda, o grupo foi acompanhado pela presidente do Instituto Maria da Graça, Anita da Silva.
"Abriu minha visão"
O entusiasmo das meninas com a aula experimental no Estúdio de Ballet Adriana Solazzo é compartilhado por sua professora. De acordo com Duda, levar as meninas e acompanhar a aula dada por outra professora foi muito enriquecedor, porque viu o trabalho com uma turma de crianças maiores.
"As minhas crianças, que eu dava aulas antes, eram bem menores que as dessa turma, então eu tive uma experiência, junto com elas, de ter uma visão de outros professores para a idade delas. Não foi uma experiência boa só para elas [as alunas], foi para mim também", destacou Duda.
Trabalhando como voluntária no Instituto Maria da Graça desde o início do ano, Duda dá aulas para duas turmas de balé, uma de manhã e outra à tarde, para beneficiar quem está em cada contraturno escolar.
Além do desafio de trabalhar com crianças e adolescentes de diferentes idades, a professora usa muita criatividade para driblar as dificuldades com a estrutura. Diferentemente de uma escola de balé, o Instituto Maria da Graça não conta ainda com um local adequado para as aulas de dança.
Sobre não ter uma sala com "barra", por exemplo, Duda explica: "aqui eu improviso com cadeiras, então elas apoiam nas cadeiras". Para diminuir a dificuldade, a professora está pensando em fazer uma barra móvel com pedaços de cano. Embora a barra fixa na parede seja melhor, ela diz que a móvel também pode resolver:
"É só elas [as alunas] terem consciência do peso delas, porque a barra não é para apoiarem o peso do corpo em cima, é para elas começarem a trabalhar o peso nelas mesmo, tipo o equilíbrio delas, a barra é nada mais nada menos que uma ajuda de apoio, no caso para você se sentir mais segura", explica.
O Estúdio da "tia Dri"
Adriana Solazzo é bailarina clássica, formada em conservatório, com especialização em medicina da dança e também em pedagogia da dança. O seu Estúdio de Ballet, o Estúdio Rosa, tem cursos sobre os balés (clássico, neoclássico, contemporâneo) e muito mais: Jazz, Street Dance (dança de rua) e Sapateado.
A "tia Dri", como é chamada carinhosamente pelas crianças, além de proprietária do Estúdio, também atua como bailarina, diretora artística, coordenadora, professora e coreógrafa de Ballet Clássico e Neo Avançado, Jazz, Condicionamento para bailarinos e Fitness Dance.
A escola tem atualmente mais de 100 alunas matriculadas, crianças a partir dos 3 anos de idade, adolescentes, jovens e mulheres adultas. "A idade não importa, aqui você tem de gostar de dançar, tem que querer dançar", diz Adriana.
Crianças de 3 e 4 anos frequentam a turma "Baby Class", onde é feita a iniciação da dança, diz Adriana. Começando com a "conscientização de espaço", elas chegam ao final dessa etapa dançando uma coreografia de balé e uma de jazz.
A partir dos 5 anos, elas passam a ter aulas duas vezes por semana, com aprendizado de balé, jazz e sapateado. "Aí sim, podemos dizer que o balé inicia, porque aí já começam a executar as posições, 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª posição".
Outros aprendizados
E as aulas não ensinam só a dançar. De acordo com Adriana, o balé de repertório trabalha com contos de fada e outras histórias românticas, trazendo muitas obras literárias. Faz também a iniciação em duas línguas estrangeiras, porque no balé os nomes e termos usados são em francês e, no sapateado, são em inglês.
Outro desenvolvimento importante, segundo Adriana, é na matemática: "a gente ouve muito as mães falarem que elas melhoram na matemática, porque a dança tem essa parte da memória fotográfica, que você olha e guarda, e o sapateado, a contagem, porque elas aprendem a contar a música".
Depois dos 12 ou 14 anos de idade, quando elas conseguem ter mais noção do corpo, é possível avançar mais em modalidades de dança que têm movimentos mais soltos, como o balé contemporâneo, o jazz e a Dança de Rua (Street Dance).
Quem já tem 14 anos ou mais faz todas as aulas práticas dos diferentes tipos de dança e passam a ter também aulas teóricas sobre dança, anatomia do corpo, música, "porque elas precisam entender tudo isso".
"E é nessa fase que entra a parte de descobrir se ela quer ser uma bailarina, se ela quer ser uma professora, ou se ela quer ser as duas coisas, porque, para ser bailarina, ela sabe a dedicação que tem que ter", explica Adriana, destacando que, até chegar neste momento, as alunas precisam ter conhecimento de todo o universo da dança.
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