"Esse cursinho aqui junto com o Instituto deu muito certo, e a gente fica muito feliz com isso", diz Bruna; aulas serão retomadas depois do carnaval
O Cursinho Dandara, de educação de jovens e adultos, terminou 2023 com avaliação muito positiva da Rede Emancipa Ribeirão Preto. Agora, para 2024, a proposta é trabalhar com três turmas nos sábados de manhã na sede do Instituto Maria da Graça:
1. Preparação para o Encceja (Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos);
2. Alfabetização de adultos; e
3. Emancipinha, ou seja, atividades educativas para as crianças (filhas e filhos de estudantes do Cursinho).
Bruna Silva, coordenadora da Rede Emancipa, avalia que o saldo de 2023 é muito positivo, pois o processo educativo foi além dos conteúdos: "eu vejo que as mulheres criaram autoconfiança, então isso já é uma coisa gigantesca assim para a gente".
Para ela, o Cursinho Dandara, que funciona no Jardim Jóquei Clube em parceria com o Instituto Maria da Graça, foi o que ganhou mais força. Como o Emancipa trabalha no território, na periferia, diz Bruna, a turma criada na Vila Tibério acabou tendo problemas, porque dependia do deslocamento das pessoas para o centro.
"Eu acho que esse ano foi a sementinha plantada aqui no Jóquei. Tem muito que acontecer ainda, e a gente vai voltar com toda a força agora em 2024, fazendo mais divulgação no bairro para que esse cursinho cresça", destaca a coordenadora.
A presidente do Instituto Maria da Graça, Anita da Silva, também está otimista com a retomada das aulas em fevereiro: "esse ano já três pessoas vieram pedir para se matricular, e o restante da turma do ano passado se animou para terminar".
Segundo Anita, com a aprovação de uma aluna (Benedita) e um aluno (Marcelinho) do Cursinho Dandara na última prova do Encceja, todos ficaram mais motivados para estudar: "eu acho que nós vamos ter turmas mais cheias esse ano, com muita vontade, com muita garra, se Deus quiser".
Alfabetização
A professora Ana Carolina Alberti conta que o Emancipa tem "uma sensibilidade muito grande para detectar as necessidades". Foi o que aconteceu em relação à alfabetização, que começou com uma aluna e rapidamente passou a ter três.
Ana explica que as aulas proporcionam para as mulheres muito mais do que alfabetização e preparação para a prova do Encceja:
"Traz autoestima elas saberem ler e escrever, elas perceberem que têm capacidade de aprender faz com que se sintam melhores, faz com que venham até aqui nesse espaço para se cuidarem, para se dedicarem a si mesmas".
De acordo com a professora, além da melhora da autoestima, a forma como o Emancipa trabalha também ajuda as pessoas a aprenderem mais rapidamente: "aqui a dinâmica é diferente, é um aprendizado onde se respeita o saber do outro".
Ela diz que o Emancipa segue as ideias de Paulo Freire, que ensinou a importância de os professores não ficarem fazendo "transferência de conteúdos para os educandos" e sim reconhecerem que todos têm saberes.
"E a gente precisa fazer as pessoas sentirem que, apesar de estarem aqui aprendendo a parte culta que às vezes não tiveram a oportunidade de completar, elas têm o saber delas. Dessa forma, é a construção de potência coletiva e de emancipação que a gente propõe", conclui Ana.
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