Instituto Maria da Graça organiza apoio a moradores e lutas comunitárias

Anita da Silva, presidente do Instituto, explica porque foi criada a ONG e como a entidade pretende buscar respostas para os problemas das periferias

Foto da presidente do Instituto, Maria da Graça, a Anita. Ela tem cabelos curtos, usa óculos, está com uma blusa de alças verde claro, falando ao microfone
Maria da Graça, a Anita, em Reunião Pública na Câmara Municipal - Foto: Reprodução TV Câmara

Instituto de Desenvolvimento Comunitário Maria da Graça: este foi o nome escolhido pelas lideranças populares da Região Norte para uma entidade que poderá atender bairros de toda a cidade. 

O objetivo da criação desta ONG (Organização Não-Governamental) é conseguir dar suporte às pessoas dos bairros da periferia, tanto em suas necessidades imediatas quanto em suas lutas coletivas por melhor qualidade de vida e também por mais solidariedade e justiça social.

A criação e oficialização do Instituto foi feita em setembro do ano passado, mas é neste primeiro semestre de 2022 que a equipe está terminando de fazer a documentação para registro nos órgãos municipais e estaduais. 

Também está organizando seu trabalho com base em um "Plano de Ação", que tem como um de seus principais objetivos integrar e fortalecer as lideranças e as lutas populares não só dos bairros e comunidades da Região Norte como de moradores de qualquer outro local da cidade.

Melhor uma ONG
Anita da Silva lembra que, inicialmente, a intenção era a de criar uma associação de moradores: "nos reunimos primeiro em torno dessa ideia". Mas, como o pessoal considerou esse tipo de organização algo "muito local, de um bairro só", outra proposta foi debatida e entusiasmou todas e todos:

"Por que não uma ONG? Uma ONG pode abranger várias coisas da cidade inteira, até do estado, fazer parcerias com outras ONGs, ou com movimentos, convênios também com instituições e com secretarias da Prefeitura. Foi pensando nisso que as pessoas decidiram criar a entidade, registrar um CNPJ, algo que nos dê essa possibilidade de trabalhar", destaca Anita.

Não foi necessário, porém, fazer o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica): as fundadoras do Instituto Guarani cederam o seu. De acordo com Anita, o Instituto Guarani foi criado por colaboradoras voluntárias do Assentamento Mário Lago (MST), para facilitar o trabalho com a produção e venda de alimentos por parte dos assentados, enquanto eles não conseguiam viabilizar uma cooperativa.

Quando a cooperativa foi criada e regularizada, cerca de um ano depois, o Instituto Guarani perdeu sua função. Daí, em vez de fechar e dar baixa no CNPJ, elas ofereceram para o grupo que estava criando o Instituto Maria da Graça. Uma assembleia aprovou, então, a mudança da razão social de Instituto Guarani de Responsabilidade Socioambiental para Instituto de Desenvolvimento Comunitário Maria da Graça.

Esta assembleia, realizada no dia 14 de setembro de 2021, aprovou também a mudança do Estatuto e da sede do Instituto, que passou a ser o salão localizado na Rua Serra Negra, nº 308, Jardim Jóquei Clube. Em seguida, os documentos foram registrados em Cartório e foi providenciado o alvará de funcionamento e a alteração dos dados cadastrais do CNPJ. 

Maria da Graça
O nome escolhido para o Instituto é uma referência e uma homenagem à Anita da Silva, liderança conhecida e respeitada, que atua nos bairros da Região Norte há mais de 20 anos. Sim, Anita também se chama Maria da Graça.

Ela conta que, quando nasceu, na cidade de Primeiro de Maio, no Paraná, ganhou o nome de Anita. Entrou na escola, fez o que se chamava na época de "primário", com o nome de Anita. 

Mas, em 1970, a família se mudou para Londrina, e a escola em que deveria ser matriculada para fazer a quinta série exigiu a certidão de nascimento. "Aí meu pai teve que ir fazer o registro. Quando ele foi ao cartório, lembrou que a minha avó tinha feito uma promessa de que meu nome seria Maria da Graça".

Na nova escola, Anita se sentiu perdida. "Demorei muito a me acostumar com esse nome. Na verdade, para a família, para todo mundo, fiquei como Anita, normal, né?". Na verdade, mesmo, pode-se dizer que ela passou a conviver com os dois nomes, um de nascimento, que a identifica de dentro para fora, e outro oficial, que a identifica de fora para dentro.

Assim foi na escola. Assim foi no primeiro trabalho, ainda com 14 anos de idade, na fábrica de costura Myano, em Londrina, onde as colegas achavam que Anita era só um apelido. "O pessoal não entendia que eu fui chamada de Anita desde que nasci".

Com o passar do tempo, foi se acostumando e passando "a lidar bem com esse trem". Pacificada, nem estranhou muito quando, agora, na organização do Instituto, "o pessoal falou assim, por que não colocar Maria da Graça? Aí ficou", diz Anita.

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