Com empenho da comunidade, escola foi se transformando, diz diretor

Carlos Piccolo, diretor da Escola Esplanada da Estação, conta como a comunidade sempre lutou por melhorias na escola.

A foto é da frente da escola, mostrando a porta de entrada, com o nome "Escola Estadual Esplanada da Estação" escrito em letras grandes logo acima e mostrando as plantas que ficam dos dois lados da calçada que vai do portão da rua até a porta de entrada da casa.
Esplanada conta atualmente com cerca de 470 alunos/as, do 1º ao 5º ano

Ao chegar à Escola Estadual Esplanada da Estação, no final de 2004, o diretor Carlos Eduarte Chagas Piccolo encontrou uma realidade desafiadora, mas também gratificante: por um lado, uma escola de lata (padrão Nakamura) com vários problemas; por outro, uma comunidade participante, "que trabalhava para elevar a escola a um nível melhor". Segundo Carlos, nesses quase 18 anos, houve uma transformação da escola.

"Então nós começamos junto com a comunidade, com a dona Anita. E aí outras situações foram acontecendo, nós tivemos a cobertura da quadra, mais para a frente nós tivemos a transformação da escola em algumas partes que eram padrão Nakamura (madeira e lata), elas ficaram em alvenaria. Então, 90% da escola hoje é de alvenaria", afirma Carlos.

A participação dos pais e lideranças locais, todos "sempre presentes", fez com que a escola fosse "conseguindo ter uma identidade muito grande com a comunidade". De acordo com Carlos, a consolidação dessa boa relação tem sido fundamental para a melhoria da própria qualidade do trabalho com as crianças:

"Hoje é uma escola respeitada por todos. É uma escola que atingiu todos os índices que o governo estabeleceu. É uma escola em que as pessoas têm prazer em trabalhar, e os alunos têm prazer em estudar".

O diretor conta ainda que a escola cresceu e se equipou: "hoje tem wifi próprio, tem computadores para os alunos, notebooks que vão para as salas de aula, as salas hoje contêm televisores, têm várias tecnologias que estão aí implantadas para que o aluno tenha melhor condição de trabalho".

Desafios continuam
Para Carlos, são os avanços conseguidos que dão força para o enfrentamento de antigos e novos desafios. Uma das dificuldades antigas é a da segurança, com a ocorrência frequente de invasões e assaltos. Entre os desafios mais recentes, o principal é o tamanho cada vez mais insuficiente da escola. 

Sobre a segurança, ele diz que, apesar de ser uma escola "muito aberta e muito amorosa com a comunidade", também é muito vulnerável: "é uma escola que fica no final de uma rua, ao lado da linha do trem, uma escola onde houve muitos assaltos, várias invasões, algumas situações que fizeram com que não progredisse tanto".

Mas tem melhorado muito. Com a comunidade percebendo que a escola "é um espaço muito importante para a criação dos filhos", diz Carlos, todos vão passando a respeitar mais.

A líder comunitária Anita da Silva também avalia que já diminuíram bastante as invasões, embora ainda aconteçam algumas. Segundo Anita, mesmo a venda de drogas e a presença de traficantes foram retiradas das ruas do entorno da escola.

"Nessa questão do tráfico, que nós temos aqui no nosso bairro sim, como em todos os bairros, quer dizer, até da esquina de cima nós conseguimos chamar os meninos e conversar: na redondeza da escola não! A gente gostaria que respeitasse isso. E eles passaram a respeitar", destaca Anita.

Ela conta que também não acontecem situações de violência dentro da escola, porque, mesmo quando há um desentendimento entre alunos, o diretor procura evitar o conflito: "o Sr. Carlos acompanha até a esquina da minha casa, até a esquina de lá, até a de cá. Por quê? Para mostrar que a preocupação da escola é sempre com os alunos".

Ampliação necessária
O tamanho da escola é outro grande desafio que vem sendo colocado pelo crescimento da população da região atendida pela Escola Esplanada da Estação, principalmente com a instalação de mais comunidades.

A escola funciona atualmente com 16 salas, oito no período da manhã e oito à tarde, oferecendo o 3º, 4º e quinto ano pela manhã e o 1º, 2º e 3º no período da tarde. São cerca de 230 de manhã e 240 à tarde, totalizando mais ou menos 470 alunos. 

O diretor Carlos Piccolo explica que a sala de informática da escola já teve de ser desativada e transformada em sala de aula, "porque não tinha onde as crianças estudarem". Mesmo assim, de acordo com o diretor, há "uma quantidade de alunos que moram no bairro, mas não estudam aqui, pela falta de vagas".

Segundo Carlos, o pedido por ampliação da escola está sendo feito pela comunidade "não é de agora". Por parte da direção da escola, vários pedidos também têm sido encaminhados para a Secretaria de Educação. "Mas parece que tem uma luzinha aí no fim do túnel e nós vamos ter a ampliação", comemora.

Para ele, além de oferecer mais vagas, com a ampliação haverá melhores condições de atendimento às crianças: 

"É uma escola que ainda não tem biblioteca, tem uma biblioteca adaptada, não temos sala de informática, não temos salas de leitura, então ainda faltam muitos recursos para que os alunos possam ter esse melhor atendimento. Mas eu acredito que isso vai ser sanado em breve", conclui o diretor.

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